Uma Carta Aberta Vinda do Coração do Occupy Wall Street*

Uma Carta Aberta Vinda do Coração do Occupy Wall Street* January 11, 2011

(Occupy Wall Street é o nome do movimento que tem, desde 17 de setembro de 2011, ocupado Wall Street em protesto contra a desigualdade social e econômica, desemprego, ganância, assim como a corrupção e a influência desigual das corporações nos governos (http://pt.wikipedia.org/wiki/Occupy_Wall_Street)

Querida Sociedade na Qual Você, Nós, Ela e Ele Todos Pertencemos:

Então nós mandamos bem, não foi? Com certeza nós mandamos. E estamos mandando. E vamos, ainda. A batida não acaba até o nascer da alvorada. E é sempre alvorada em algum lugar.

Nós sabemos que algumas pessoas por aí nos acham esfarrapados, mal cuidados, e talvez congenitamente desorganizados. E por natureza nós, com certeza, somos muito desconfiados de organização. Caos nós temos, do caos nós gostamos. Nós entendemos que do alegre e estridente frenesi do inerentemente caótico eventualmente floresce a vida como nós todos conhecemos. Mas organização, nós tememos. Porque nós sabemos – porque nós, assim como 99% de todos vocês, das maneiras mais duras aprendemos – que, mais que ocasionalmente, o que “organizado” realmente quer dizer é “dane-se, estrangeiro.”

Em seguida, estamos todos do lado de fora, e que as únicas pessoas que estão dentro – onde, incidentalmente, todas as coisas como comida e dinheiro estão – são aquelas quem, de uma maneira ou de outra, fizeram de organizar um propósito primário em suas tacanhas, exclusivas pequenas vidas.

Então, é, nós tendemos a ter uma aproximação mais orgânica a toda a ideia de hierarquia de poder.

Falando disso (e como você provavelmente já foi informado), governos municipais por todo o país agora tem lançado sobre nós suas milícias de botas negras, recolhendo-nos, no meio da noite, dos espaços públicos que nós estamos tanto literalmente e figurativamente ocupando. Não foi difícil para sua máquina usuária de cassetetes atingir seu objetivo. Nós somos, afinal de contas, um coletivo pacífico. Nós somos para um batalhão armado marchando como um castelo de areia é para a onda que avança.

Agora vocês nós veem. Agora não veem mais.

Parece que as trevas escondem todas as formas de pecado.

Eles chamaram de lixo coisas que significam tanto para nós. Eles tão casualmente jogaram tanto de nossas vidas em pilhas de entulho.

A máquina midiática, em sua constante necessidade de um gancho narrativo seguro, vive para falar como a OWS falta um propósito coerente. Então, antes que nós sumamos completamente (ou, mais exatamente, nós transformemos em uma nova manifestação), permita-nos dizer isso:

Vocês sabem por que nós temos estado aqui – e porque ainda estamos. E vocês sabem que a maior parte de vocês, em espírito senão em corpo, tem estado aqui também conosco, pelas noites frias, a exaustão, a inspiração, o stress e a diversão e risadas de tudo isso.

Vocês sabem a razão de nossa raiva. Vocês sabem o lócus de nosso medo.

Vocês assistiram nosso dinheiro sumir. Vocês viram oportunidades diminuirem. Vocês sabem com quanto desrespeito vocês tem sido, ou podem ser, postos de lado. Muitos de vocês viram a via aberta de suas vidas se tornar um caminho estreito e inavegável para uma escuridão que vocês não querem ir.

Vocês seguraram e assistiram suas jovens crianças, e sentiram o terror furioso de saber que seus futuros foram gananciosamente, arbitrariamente impostos contra eles.

Nós fizemos todas estas coisas. Em uma dimensão ou outra a maior parte de nós experimentaram o grande sonho Americano se tornar o desgraçado pesadelo Americano.

Nós que Ocupamos não temos uma “mensagem clara” porque nós somos a mensagem clara. Nós somos o canário na mina de carvão. Nós somos os primeiros a responder a economia Americana quebrando, a quebra trágica de nosso sistema.A única diferença entre nós e aqueles que não se juntaram a nós fisicamente ainda é que nós vivemos na nascente, mais próximo de onde a represa quebrou.

E agora estamos nadando, vagando na água, tentando impedir nossas posses de serem levadas pela água. Olhem para nós agora –e tantos de vocês, por aí – tão molhados! Tão frio. Tantas tremedeiras.

E agora o inverno está chegando duro sobre nós.

E olhem para eles que meticulosamente e de propósito causaram esta inundação terrível, tão alto em seus edifícios quentes, tão confiantes que as águas frias que eles tão descuidadamente deixaram livres irão jamais atingi-los.

Nós temos medo que a decência, por seu próprio bem, não conta mais.

Nós temos medo que o certo não mais conta como o forte.

Nós temos medo que o que mais conta sobre o coração e alma humana conta pouco para aqueles que controlam os Estados Unidos.

Eles tomaram o que era nosso – nossas casas, nosso dinheiro, nosso trabalho, nosso futuro, nossas preocupações, nosso direito de decidir o que acontece conosco – e transformaram em uma gorda, sofisticada comida – que então eles comeram.

Devoraram, devoraram, devoraram.

Falando disso: lembrem-se de nós neste Dia de Ação de Graças. Nem que somente por um momento, por favor inclua-nos em suas orações sobre o que vocês querem, o que esperam por, o que estão felizes por ter. E se neste anos sua Ação de Graças não foi aquilo que queria que fosse, tenha em mente que sempre há o ano que vem. Talvez ano que vem as coisas vão estar melhores para vocês.

Talvez não estejam.

De qualquer jeito, não feriria comprar uma tenda. Oito por dez seria um excelente tamanho. Com costura tripla, a prova d’água, com remendos firmes nas bordas. Eu recomendo que consiga aquela com argolas de cobre a cada dois pés de cada lado. Esse é o tipo de coisa que pode ser realmente importante quando a tempestade chegar.


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